domingo, 18 de maio de 2008

No final dos anos sessenta, contrária à cultura hippie, a cultura punk começava a existir e do punk (ou no punk?) e já nos anos setenta, surge a No Wave, um estilo que durou por muito pouco tempo, mas que permaneceu existindo como influência até meado dos anos 90. A idéia era fazer arte se utilizando da estética punk - e o nome do estilo é uma sátira ao então popular e emergente new wave, que vinha tomando força no mainstream. Entre vários artistas, tinha um compositor chamado Glenn Branca que, depois de atuar em várias bandas, decidiu criar suas sinfonias para guitarra, chegando a usar cem guitarras elétricas num concerto. Lee Ranaldo e Thurston Moore tocaram com ele por muita vezes (nesta sinfonia, inclusive). Aqui temos a primeira sinfonia composta por Glenn Branca, Symphony Nº 1 (Tonal Plexus). A sinfonia é de 1980, mas o disco é de 1981, e foi gravado ao vivo. Sax, trumpete, teclado, percussão, bateria, harpa e muita guitarra. É um disco realmente fantástico de um artista realmente genial.



Baixe aqui: http://www.sendspace.com/file/arzfrb .
(Na parte inferior da página terá o link para download).
Pier Paolo Pasolini foi um ícone transgressor da itália - e da europa, por consequência. Diretor de cinema renomado, também foi ator, escritor, teatrólogo, linguista, poeta e filósofo, e acabou (não sem querer) por ser uma figura de extrema importância para, como ele gostava de pensar, "a modernização da cultura italiana". Uma pessoa atenta ao mundo, pensando sobre quais modificações poderiam existir e qual rumo seria o melhor de tomar para que existisse uma saída aos fascismos todos. No plural porque são várias as formas de tolimento da individualidade, e não obstante são sempre cruéis essas formas, criadas para "manter a ordem", seja lá o que isso signifique. Steffano Battaglia é um pianista de formação clássica, mas também dedicado ao jazz. Neste disco duplo Re: Pasolini (2007), ele busca encontrar o Pier Paolo Pasolini em todas as suas características, não só como diretor de cinema (como ele é mais comumente conhecido), mas como indivíduo no mundo. O primeiro disco olha para o trabalho e o segundo para a vida pessoal do artista italiano. Decerto o disco mais suave deste blog, e também um dos mais tristes. É muito interessante como este pianista talentoso e experiente (com mais de sessenta discos lançados) vai pensar e tentar traduzir vida-e-obra de Pier Paolo Pasolini. É um disco bonito, cheio de suaves dissonâncias e silêncios. Mesmo quando há um tempo meio torto, meio quebrado, ainda assim soa delicado, e é interessante essa escolha pela delicadeza para falar de Pasolini. Michael Gassmann (trumpete), Mirco Mariottini (clarinete),Dominique Pifarely (violino), Vincent Courtois (cello), Aya Shimura (cello), Salvatore Maiore ("double-bass"), Bruno Chevillon ("double-bass"),Roberto Dani (bateria), Michele Rabbia (percussão) e Stefano Battaglia (piano e piano preparado) são os músicos presentes aqui, neste disco nubladiço e delicioso.



Baixe aqui: STEFANO BATTAGLIA - RE: PASOLINI

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Sonic Youth - e eu não precisaria dizer mais nada. Lee Ranaldo (vocais e guitarra), Kim Gordon (baixo, guitarra e vocais), Thurston Moore (vocais e guitarra), Steve Shelley (bateria) e Mark Ibold (baixo) são mestres em misturar ruído e elegância. Stockhausen, John Cale e o Velvet Underground, os minimalistas, John Cage, Glen Branca, Andy Warhol, a literatura beat, Lou Reed, a blank generation, os movimentos de arte de vanguarda do século xx, as ruas de Nova Iorque - por consequência, o rap e o grafite ("Jean-Michael... What was it, anyway?"), tudo isso posto com elegância agressiva e intelêngia dentro do terreno da cultura pop desde 1981. The Destroyed Room (2006) é uma coletânea de b-sides e raridades. Toda a dissonância, toda a loucura, toda a elegância, toda a sentimentalidade e todo o carisma inteligente que caracterizam a banda e sua trajetória condesados aqui dentro, neste quarto destruído. Não quero falar mais nada, não há mais o que ser dito. Baixem este pequeno deleite e brinquem com ele colado aos ouvidos.



















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PS: Cuidado para não se afogarem na beleza desta versão de "Diamond Sea"... O mar é enorme...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O escritor norte-americano William S. Burroughs (pra mim, um dos mais interessantes da beat generation) entrou em estúdio no dia 25 de Setembro de 1992 para gravar um conto, The "Priest" They Called Him. Nalgum dia de Novembro, no mesmo ano, Kurt Cobain entrou em estúdio para gravar a guitarra que acompanharia o escritor na leitura de seu texto. O conto é um conto natalino, e Kurt Cobain começa tocando Noite Feliz (à la Cobain, claro). Na história, um viciado em heroína busca a redenção na solitária noite de natal. O tema da droga é recorrente na obra do escritor - embora a paisagem seja um tanto quanto inusitada. Também ele já havia gravado discos de poemas e prosas antes (inclusive o ótimo Dead City Radio, lançado em 1990, onde é acompanhado por muitos artistas mais jovens, que se sentiam de algum modo filhotes daquele senhor). Mas este disco aqui, com os dois juntos, ai, ai... A leitura de W.S. Burroughs é conhecida por ser forte, tal qual seus textos. A guitarra de Kurt Cobain é conhecida por ser suja e inventiva - mesmo que não "rebuscada". Bom. William S. Burroughs lê o seu conto, Kurt Cobain toca sua guitarra, Krist Novoselic posa pra capa, e na contra-capa tem-se uma foto de Burroughs por Gus Van Sant, e do Kurt Cobain por Mark Trunz. Este disco tem uma faixa e cerca de dez minutos. Saiu junto de uma revista ou algo assim, já não me lembro. Mas lembro de te-lo procurado por muitos e muitos anos. E fico feliz por compartilha-lo. Divirtam-se.


















Baixe aqui:
The "Priest" They Called Him.

PS: Quem quiser ler a letra, pode procurar na net, que tem, rsssss. Eu não coloquei um link aqui porque não consegui.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Steindór Andersen é um tipo interessantíssimo. Pescador e poeta da Islândia, decidiu recriar um estilo surgido no país no século xiv, quando da chegada dos colonizadores vickins na ilha. Esse estilo é o rímur - um estilo de canto poético, com os tradicionais (por lá) poemas épicos. Uma música cantada pelos pescadores, uma música vocal na sua origem, sem instrumentação. Por sete séculos o rímur (apresentado nas noites de verão) foi a grande forma de divertimendo e sociabilidade naquela ilha de gelo e vulcões. Claro que o tempo há muito vinha engolindo e dissolvendo este tão velho estilo, fazendo-o quase desaparecer, até que em 2001 o poeta-pescador decidiu gravar um disco chamado Rímur e, inovando a tradição, contou com uma banda de apoio. A banda Sigur Rós (seus amigos há muito) é a banda em questão e o disco em questão é de uma beleza rara, singular. Um disco suave e curto. Mas repleto de ondas geladas, de montanhas brancas e vento. E também baleias e fantasmas. Um disco repleto de magia e de passado. A poesia atravessando as notas musicais, a história como deleite, a melodia como esplendor suave. Um disco meritório de ser baixado e ouvido. Um disco meritório de se ter por perto, fazendo parte da vida. Senhoras e senhores: Steindór Andersen e Sigur Rós!


















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Gastr del Sol começou em Chicago como um trio, em 1991, composto por David Grubb, Bundy K. Brown e John McEntire. Quando Brown e McEntire decidiram sair para montar o Tortoise em 1994, Jim O´Rourke entrou na jogada e o trio virou um duo que passou a contar com colaborações diversas - o próprio John McEntire contribuiu em vários discos da banda após ter saído dela. Em suas composições havia aquilo que chamam de post-rock aliado aos conceitos da música concreta e o flerte com o surrealismo nas letras. O disco Camoufleur (1998) é o disco mais pop da banda, e também seu último. Pop porque tem as melodias acessíveis (e incrivelmente belas), e acessível porque Markus Popp criou elementos de percussão eletrônica que passaram a ser usados a torto e direito por outros artistas. Mas ainda assim é um disco de experimentalismo que, certo, olha pro pop e o alcança. O que pra mim não é e nem seria um problema. Divirtam-se.


















GASTR DEL SOL - CAMOFLEUR

terça-feira, 13 de maio de 2008

"The Text of Light" é um filme de Stan Brakhage (nascido Robert Sanders), cineasta americano de filmes não-narrativos. Considerado um dos mais importantes do século xx no cinema experimental, ele optou pelo silêncio para fazer seus filmes - e alcançar o que pra ele era o "cinema puro". Text of Light é uma banda formada por Lee Ranaldo, do Sonic Youth em 1999 para, estranhamente, tocar suas músicas tendo ao mesmo tempo filmes do Brakhage projetados. Isso, claro, é mais uma homenagem que uma ironia, e o próprio Lee Ranaldo disse que não era a intenção criar uma trilha sonora para os filmes apresentados, mas sim um diálogo com eles. O resultado é algo lindo. Me impressiono com essa banda. Aqui nesta caixa com três cds chamada Metal Box (2006) tem uma leitura absurda de um trecho de um poema de Joyce intitulado Chamber Music, de 1907 ("Believe me rather that am wise In disregard of the divine, /A glory kindles in those eyes /Trembles to starlight. Mine, O Mine! No more be tears in moon or mist /For thee, sweet sentimentalist."). A banda é composta por Alan Licht (guitarra), Lee Ranaldo (guitarra, "small devices"), Ulrich Krieger (sax tenor e "sax-tronics"), Christian Marclay (turntables), William Hooker (bateria), DJ Olive (turntables) e Tim Barnes (bateria, "gong", percussão e eletrônicos). Se quer saber mais detalhes sobre este disco, clique em info.





















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segunda-feira, 12 de maio de 2008

John Frusciante é o brilhante guitarrista do Red Hot Chili Peppers. John Frusciante tem um clipe lindo dirigido por Vincent Gallo, que até hoje passa na televisão. John Frusciante é lindo. John Frusciante compõe muito bem. John Frusciante lançou cerca de cinco discos (bons!) em 2004. John Frusciante lida com o eletrônico e com a guitarra de um jeito esperto demais. John Frusciante dá gritos que partem qualquer coração pedregoso neste seu Niandra Lades & Usually Just a T-Shirt (1994). Niandra Lades e Usually Just a T-Shirt eram dois discos, que viraram um só. Em 1992, depois do sucesso estrondoso do BloodSugarSexMagic, John Frusciante abandonou os Chili Peppers e decidiu se dedicar ao intenso consumo de crack e heroína, enquanto gravava esse material. Muita fúria e dor e beleza sua vida emprestou a esse trabalho. Todos os instrumentos (guitarras, baixos, baterias, manipulação de pedais de efeito, mellowtrons e alguns outros que ele próprio não consegue identificar - nem se lembra) foram tocados por ele. Um período auto-destrutivo e de solidão extremada, mas que gerou bons frutos - tristes e demenciais, é certo, mas de beleza e profundidade. A beleza se mantém inclusive porque ele sobreviveu a tudo o que passou. E continua foda e lindo e Frusciante. E que deus o conserve...




















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Aqui, um disco só de guitarras, com alguns dos melhores da cena rock dos usa do final dos 80 e início dos 90. Lee Ranaldo, Steve Albini, J Mascis, Dean Wareham, Don Fleming, Wayne Coyne e Thurston Moore são uns dos nomes que figuram em Guitarrorists, um disco de 1991. O resultado é um mar com ondas de cores muito variadas, estilos bem diferentes, mas sempre bom de ouvir. Guitarras elétricas sobrepostas a violões, muitos efeitos e muitos estilos. A experimentação reina nesta paisagem. Sempre criativo e bonito, este disco. É só baixar e se divertir.













1. Sonic Boom - Overture [Spaceman] (1:54)
2. Kurt Ralske - Tar, Iodine, Blood + Rust [Ultra Vivid Scene] (2:40)
3. Kathy Korniloff - I Really Can't Say [Two Nice Girls] (2:59)
4. Jeffrey Evans - Longwood Mansion [Gibson Brothers] (1:46)
5. Wayne Coyne - I Want to Kill My Brother: The Cymbal Head [Flaming Lips] (3:36)
6. J Mascis - A Little Ethnic Song [Dinosaur Jr.] (2:58)
7. Dean Wareham - West Broadway [Galaxie 500] (2:38)
8. Mark E. Robinson - Guitarrorists Theme [Unrest] (1:44)
9. Marc Gentry - Mariposa [Rein Sanction] (2:43)
10. Dave Rick - Where's Gitchi Oombigat At? [King Missle] (4:01)
11. Kat Bjellend - Bruise Violet [Babes in Toyland] (3:12)
12. Thurston Moore - Blues for Spacegirl [Sonic Youth] (4:51)
13. Helios Creed - Green Volcano [Chrome] (1:37)
14. Tom Hazelmeyer - Guitar Wank-Off #13 [Halo of Flies] (3:16)
15. Paul Leary - Fillipé Mepelpeepe [Butthole Surfers] (3:19)
16. Nick Salomon - Dark Field [Bevis Frond] (3:00)
17. Don Fleming - Sound as Steel [Gumball] (1:08)
18. Kim Gordon - Kitten [Sonic Youth] (1:43)
19. Nikki Sudden - Cats Cradle (3:26)
20. Kramer - Ovulation Always Brings Me Down [Bongwater] (2:23)
21. Neil Haggerty - Fallen off the Rocks [Royal Trux] (4:03)
22. Wayne Rogers - Hoichi the Earless [Crystalized Movements] (3:28)
23. Rick McCollum - Spider Plum [Afgan Whigs] (4:18)
24. Marcy Mays - Always Late [Scrawl] (1:06)
25. Lee Renaldo - Here [Sonic Youth] (5:27)
26. Steve Albini - Nutty About Lemurs [Big Black] (1:43)

Baixe aqui: GUITARRORIST
Bohack. Entre 1981 e 1982 esta banda existiu e entrou no estúdio American Indian, em Nova Iorque, para gravar um disco de experimentações com percussão, guitarra, baixo, bateria, violão, intitulado It Took Several Wives. A banda era composta por três membros: Vincent Gallo, Claudia Porcelli e Wayne Richard Clifford. Considerado um disco de art rock por muitos e vendido a 500 dólares por Vincent Gallo (esse disco está fora de catálogo e você pode comprá-lo do próprio Vincent no endereço www.vgmerchandise.com), It Took A Several Wives é considerado uma piada por Wayne Richard Clifford (que era dono do estúdio American Indian - era seu apartamento - e foi também quem deu nome à banda, além de escolher a ilustração da capa, que é do Francesco Clemente). "Éramos como crianças brincando na areia. Um verdadeiro bocado de lixo artístico", diz ele sobre o disco. Não sei se concordo - e decerto não concordo, mas conheço muitos que concordarão. Enfim. O disco é mesmo um bocado difícil, barulhento e esquisito. Dedicado à memória de Pier Paolo Passolini e Charles Mingus, esse "lixo" vale à pena não apenas por sua esquisitice, mas também por sua rareza. Divirtam-se.


















Sim!!!: O disco vem como LADO A / LADO B (ou seja, são duas faixas somente), e o mp3 que vc vai baixar é diretamente extraído do vinil. Abaixo então tem a lista com o nome das músicas. ;)

LADO A:
1. The Rock of Joe the Dog Crowd Noticed
2. Slow Clock
3. A Waiter Dies a Large Family for a Tip Leaves
4. Shot Himself after Falling 3 Days
5. Fat Jaw
6. If You Feel Frogie Jump
7. Jesus in Mono
8. Old Hog Pissing in Sepia
9. Jerky in Color
10. To Save a Safe Artist's Ass

LADO B:
1. Good Brown
2. It Took Several Wives
3. The Man with the Flower in his Mouth
4. They Came as One Person
5. The White Hand Burned While the Red Hand Held On
6. Potatoe Skin Hair
7. 50 Perfumes (part 1)
8. 50 Perfumes (part 2)

http://www.mediafire.com/?5f9v1z2yxjv

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Baixo - Blaine L. Reininger , Peter Principle
Baterias eletrônicas - Blaine L. Reininger , Peter Principle , Steven Brown
Guitarras - Blaine L. Reininger , Peter Principle
Teclados - Blaine L. Reininger , Steven Brown
Saxofone - Steven Brown
Syntetizadores - Blaine L. Reininger , Peter Principle , Steven Brown
Violino - Blaine L. Reininger
Vocais - Blaine L. Reininger , Steven Brown

Composto, arranjado e gravado por - Tuxedomoon

O ano é 1980, e a banda é Tuxedomoon. O disco, "Half Mute/ Scream with a View", primeiro disco dos caras, ainda soa novo e fresco e bom. Muito bom. Tuxedomoon é uma banda que surge dentro da cena New Wave e, também, No Wave. As músicas são sempre meio loucas, com arranjos flutuantes, que misturam eletrônica com guitarras, sax e violinos. "In a manner of speaking", de 1985, virou um clássico recente na voz da banda Nouvelle Vague e "Desire", de 1981 (que foi trilha sonora do "Downtown ´81"), também é conhecida. Penso que essas sejam exatamente as músicas mais conhecidas da banda. Neste disco não há um clássico, mas todo ele é mesmo muito bom. Vou colocar aos poucos os discos que tenho da banda. Aguardem. E divirtam-se com este aí. Abraço em todos.




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quinta-feira, 1 de maio de 2008

Vincent Gallo nasceu em Buffalo, Nova Iorque. Ator, diretor, produtor, roteirista, modelo e músico. Expulso de casa aos 16, foi viver pelas ruas da nova iorque do final dos anos 70, onde passou a conviver com outros artistas, como Jean-Michael Basquiat - com quem tocou junto (Vincent era um membro esporádico) na banda Gray, uma precussora do hip hop de Nova Iorque. Dirigiu o lindo Buffalo 66 e o polêmico e não menos lindo The Brown Bunny. Entre o primeiro filme e o segundo, ele lançou esse "When" de 2001. Um disco delicado, melancólico e tão expressivo. Espero que gostem. As I do.

Querendo saber mais sobre o cara e seu trabalho: www.vincentgallo.com .


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